A Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES) lamenta profundamente o falecimento da Dra. Clara Oliveira Goedert, pesquisadora aposentada da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ocorrido nesta quinta-feira (22/06) em Pelotas (RS).
Clarinha, como era mais conhecida entre os amigos, foi presidente da ABRATES no período de 1985 a 1989. Com estilo próprio, era uma grande entusiasta da ciência, imprimindo um jeito próprio de comandar a instituição, numa época em que o setor era predominantemente masculino.
Natural de Piratini, uma cidade pequena e histórica do Rio Grande do Sul e berço da Revolução Farroupilha. Talvez por isso Clara tenha sido uma grande guerreira. Formada em 1961 pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), em Pelotas, a pesquisadora iniciou sua carreira no antigo Instituto de Pesquisa Agropecuária do Sul (IPEAS), do Ministério da Agricultura. Em 1970, saiu para mestrado nos Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil, foi convidada a trabalhar na estruturação da Embrapa, em Brasília em 1973, juntamente com seu esposo Wenceslau Goedert. Nestes 50 anos da Embrapa, participou ativamente na construção da empresa e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Clara participou na Sede do grupo de pesquisa que estruturou a empresa em âmbito nacional e os fundamentos para a criação do Centro de Recursos Genéticos em 1974. Na Unidade, além de outras atividades desempenhadas, coordenou, durante 16 anos, o sistema de recursos genéticos da Embrapa, que envolvia todos os Bancos Ativos de Germoplasma, localizados nas Unidades da Embrapa e em algumas Empresas Estaduais de Pesquisa.
Durante este período, trabalhou intensamente na busca de melhorias na estrutura e no orçamento, assim como na busca de apoio e motivação dos chefes de Unidades quanto à importância do trabalho dos Curadores de Bancos, na valorização dos recursos genéticos e no incremento do orçamento, como também, no incentivo de aumento do uso do Germoplasma pelos melhoristas.
Liderou a pesquisa em recursos genéticos por cerca de duas décadas. Dessa paixão pelo tema surgiu a ideia de criar a Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos (SBRG). Isso foi concretizado em 28 de novembro de 2008, em Brasília. A partir de então a SBRG cresceu, estimulando a criação de Redes Regionais de Recursos Genéticos, o que tem aumentado a visibilidade do tema no País.
O diretor da ABRATES, Dr.Francisco Krzyzanowski, pesquisador da Embrapa Soja, disse que a Dra. Clara deixa um grande legado de contribuição à conservação de germoplasma. “Seu trabalho na Embrapa Cenargen é um marco na criação de bancos de germoplasma para a preservação das espécies regionalmente”, afirma.
A pesquisadora possui inúmeros artigos científicos publicados e recebeu diversos prêmios. A publicação "Histórias e Memórias da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia" em seu Volume I resume em seis páginas o trabalho realizado por Clara na Embrapa: "Ter participado da organização e estruturação da Embrapa nos seus primeiros anos de vida trouxe para sua formação profissional um sentido de construir, desenvolver e executar ações direcionadas e focalizadas no alcance de resultados para o desenvolvimento e crescimento da agricultura brasileira". “Mas, o que define Clarinha é o seu sorriso sempre aberto, a sua simpatia e a sua dedicação à pesquisa agropecuária brasileira e à Embrapa”, afirma o vice-presidente da ABRATES, Dr. José Barros França Neto, pesquisador da Embrapa Soja.
“A ABRATES não poderia deixar de prestar suas condolências aos familiares e amigos da Dra. Clara Goedert, que tanto contribuiu para o desenvolvimento da instituição, bem como sua dedicação ao trabalho pelos recursos genéticos do Brasil”, enfatiza o presidente da ABRATES, Dr.Fernando Henning, pesquisador da Embrapa.