A demanda por sementes de alta qualidade cresce a cada ano como aliada na busca por maior produtividade e lavouras de alto desempenho. Neste cenário, é preciso acompanhar de perto as características da semente que é produzida e nesta tarefa, a amostragem correta do lote de sementes é essencial. Uma vez que a amostragem do lote é o primeiro passo para uma estimativa mais assertiva da qualidade da semente.
A amostragem de sementes tem como finalidade obter uma amostra representativa de tamanho adequado, visando a realização dos testes para a avaliação da qualidade. “Como a amostra se origina de um lote de sementes, é esperado que o resultado do teste reflita a qualidade média do lote. Para isso, além do lote ser homogêneo, a amostra deve conter todos os componentes em proporções semelhantes aos do lote de sementes”, explica a Profa. Dra. Maria Laene Moreira Carvalho, da Universidade Federal de Lavras. A pesquisadora ainda alerta para os cuidados necessários na formação do lote “desde a retirada das amostras simples no armazém até a obtenção da amostra de trabalho, para que os resultados da análise sejam confiáveis. A amostragem de sementes deve ser efetuada por profissional qualificado e com registro no RENASEM (Registro Nacional de Sementes)”.
Vale lembrar que a Associação Brasileira de Sementes (ABRATES), em parceria com a Universidade Federal de Lavras, promove o Curso Teórico-Prático de Formação de Amostradores de Sementes, que teve 12 edições realizadas e capacitou mais de 650 profissionais. A formação é reconhecida pelo MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - em conformidade com o Regulamento da Coordenação de Sementes e Mudas.
Falhas no processo
A Dra. Maria Laene destaca a falta de equipamentos adequados e calibrados para obtenção e divisão de amostras como sendo as falhas mais comuns e que podem comprometer o processo de amostragem de sementes. “Como a quantidade de sementes analisadas é, em geral, muito pequena em relação ao tamanho do lote, para se obter amostras representativas, é essencial que estas sejam tomadas com todo cuidado e em conformidade com os métodos estabelecidos nas Regras para Análise de Sementes que foram definidas conforme princípios de inferência estatística”. E ainda alerta que devem ser respeitadas as exigências legais e as recomendações referentes a critérios como homogeneidade e tamanho máximo do lote de cada espécie, intensidade de amostragem apropriada, uso de equipamentos adequados e a realização de redução da amostra de trabalho.
Amostragem durante o fluxo
As empresas de sementes têm adotado plantas de unidades de beneficiamento com sistemas mais ou menos fechados. Nesses sistemas, o material recebido do campo é beneficiado e o produto final embalado e selado em embalagens etiquetadas. Para evitar a necessidade de amostragens manuais e os danos resultantes às embalagens seladas, no controle interno de qualidade de sementes amostras simples podem ser tomadas do fluxo de sementes durante o beneficiamento..
“As amostras simples deverão ser coletadas em intervalos regulares durante todo o processo. Quando for usado um recipiente que intercepte o fluxo da semente, toda a seção transversal da corrente deve ser uniformemente amostrada sem permitir a saída de sementes já coletadas”, explica a pesquisadora.
A amostragem de sementes durante o fluxo pode ser feita manualmente ou por dispositivos de amostragem de sementes. Quando os dispositivos são controlados por temporizadores (timers), eles são chamados de amostradores automáticos de sementes. Não existem ainda metodologias oficiais que permitam esse tipo de amostragem para certificação, mas a metodologia é aconselhável para controle interno das empresas. Segundo as regras internacionais, os métodos para amostragem de sementes em fluxo devem atender quatro condições:
Quem quiser saber ainda mais sobre a importância da amostragem no controle da qualidade de sementes pode ver a live completa que a Dra. Maria Laene Carvalho realizou recentemente com o Núcleo de Estudos de Sementes (Nesem) da UFLA.