CONFIRMADO: SEEDTHON TERÁ SEGUNDA EDIÇÃO EM 2022
Diante do sucesso do primeiro hackathon sementeiro do Brasil, promotores anunciam nova edição para o próximo ano
O Seedthon - Plant Science Symposia Series, primeiro hackathon sementeiro do Brasil, realizado no primeiro semestre deste ano, vai se tornar um evento tradicional no calendário do setor sementeiro. A confirmação é da organização do evento e das instituições apoiadoras - Corteva e Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES). Segundo elas, a primeira edição obteve sucesso de público e resultou em ideias inovadoras para o setor, além de abrir espaço para a troca de experiências e networking entre os diversos agentes da área sementeira.
Com o tema “Inovações no setor sementeiro”, a primeira edição do Seedthon atraiu mais de 340 participantes, de 114 cidades de 23 estados. Ao todo, foram 69 equipes inscritas formadas por profissionais e estudantes de cerca de 30 áreas de atuação e formação, que vão desde a agronomia até a área médica. Deste público, 38% eram estudantes de graduação e 19% de pós-graduação, seguidos por 27% de profissionais e 6% de professor/pesquisador.
O evento contou com a participação de 169 instituições, entre elas, universidades de todo o País, inclusive uma dos Estados Unidos, e empresas públicas e privadas. Das 60 equipes selecionadas, 38 chegaram à etapa de apresentação dos pitches, após período de capacitações e mentorias. Essas equipes foram avaliadas por experts do setor sementeiro e as três melhores foram premiadas.
O maior número de inscritos foram dos cursos de Agronomia, Engenharia Florestal e Ciências Biológicas, mas também foi registrado um número significativo de profissionais da área de Tecnologia da Informação e Computação.
A maioria dos participantes vieram das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As cidades com maior número de inscritos foram Londrina e Curitiba (PR), seguidas por Lages (SC), Lavras (MG), Piracicaba (SP) e Viçosa (MG). O Seedthon contou com o patrocínio das empresas Corteva, Agrotis, Rizobacter, Incotec, Pecege/WBGI, Silomax e GDM. E também com o apoio da AgroAgenda e InovaHub.
“No Brasil, não havia nenhum evento do gênero, que reunisse estudantes, técnicos, pesquisadores, professores, profissionais e empresas do setor sementeiro. E o Seedthon fez exatamente isso, reuniu vários elos da cadeia para fomentar a inovação. Além de promover essa interação, preparou os estudantes para a realidade do mercado, com cases alinhados com as demandas das empresas, e promoveu a difusão de conhecimentos e técnicas. Somou muito para os currículos de todos participantes e os estudantes que estavam na organização saíram mais preparados também na gestão de eventos”, avaliou o vice-presidente da ABRATES e presidente do XXI Congresso Brasileiro de Sementes (CB Sementes), Fernando Augusto Henning.
De acordo com Henning, o nome do evento já foi registrado e agora começa a busca nas universidades por alunos para formar o novo time da comissão organizadora do 2º Seedthon. A data de realização da próxima edição ainda não foi definida, mas existe a possibilidade de que ocorra dentro do Congresso Brasileiro de Sementes, programado para 12 a 15 de setembro de 2022, em Curitiba.
“O que nos orgulha é ver que muitos integrantes da organização já foram absorvidos pelas empresas participantes do evento, as equipes vencedoras estão usando a premiação para tirar a solução tecnológica do papel e o feedback dos patrocinadores e empresas apoiadoras do evento foi extremamente positivo”, conclui Henning.
Segundo uma das integrantes da comissão organizadora, Andreza Cerioni Belniaki, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), quatro dos dez integrantes da organização do primeiro Seedthon, já estão trabalhando em empresas do setor, como a Agrotis, Bayer e Syngenta. “Eu mesma fui contratada pela Agrotis. O Seedthon mudou a minha vida, ganhei visibilidade e oportunidades. É gratificante ver os resultados deste trabalho, tanto que empresas que não participaram na primeira edição já demonstraram interesse em patrocinar a próxima”, comenta Andreza.
Inovações premiadas
A equipe UPF Seed Tech venceu o primeiro hackathon do setor sementeiro com o desenvolvimento de uma plataforma para rastreabilidade de sementes. Quatro integrantes da equipe são da Universidade de Passo Fundo (UFP). “A plataforma visa monitorar, rastrear, otimizar e identificar pontos de gargalos para que a relação entre obtentor e multiplicador de sementes seja a mais benéfica possível para ambos”, explica o analista da ciência da computação da Embrapa Trigo, Diego Inácio Patrício, integrante da equipe.
Segundo Diego, a equipe está dando continuidade no projeto, explorando mais as dificuldades da cadeia produtiva e desenvolvendo um MPV (Mínimo Produto Viável) mais robusto para mostrar ao mercado que o modelo de negócio é viável.
“Foi uma satisfação enorme a minha equipe ter obtido o primeiro lugar do Seedthon. O evento foi muito produtivo e achei interessante o passo a passo apresentado para o desenvolvimento das ideias, as palestras, o networking e, é claro, a visibilidade que o evento trouxe para a nossa ideia”, resume Diego.
O segundo lugar ficou com a equipe Soldies Seeds, formada por seis estudantes, todos de graduação em Agronomia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná. Os universitários criaram um sistema de redução de perdas no momento da colheita que funciona acoplado nas colheitadeiras. “No momento, estamos tentando fazer uma pesquisa de mercado para confirmar o problema e validar a solução, mas estamos tendo dificuldade de conseguir produtores de sementes que se habilitem a participar da pesquisa. Somente depois poderemos patentear o produto. As palestras do evento foram muito interessantes, que agregaram bastante conhecimento”, detalha o estudante de Agronomia, Antoni Wallace Marcos.
Já a equipe Refine Seeds, que conquistou o 3º lugar, criou um programa na área de qualidade de sementes que pode ser utilizado tanto por empresas do setor quanto por universidades. “O programa vai trazer mais agilidade e confiabilidade aos testes de controle de qualidade de sementes, auxiliando muito a execução das análises e obtenção dos dados”, detalha Danielle Sarto, engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia pela Esalq/USP. “Esta foi a minha primeira participação em um hackathon e eu adorei o evento. As mentorias e a organização foram impecáveis. Estava mesmo precisando de um evento desses na área de sementes”, opina Danielle. Ela conta ainda que com o prêmio já estão registrando a patente para dar início a comercialização do produto.
“Outro detalhe que gostamos demais é o fato de que teremos um espaço para apresentar nosso produto no Congresso Brasileiro de Sementes, programado para o próximo ano. Isto irá auxiliar muito na divulgação da nossa solução que irá ajudar vários setores da cadeia sementeira”, comemora Danielle.