As novidades em pesquisa de sementes criam novas demandas de capacitação, mas, às vezes, também descomplicam e muito a vida do produtor. O kit para avaliação do dano mecânico em sementes de soja foi lançado pela Embrapa Soja há pouco menos de um ano, para atender as demandas da indústria em qualidade de colheita. A qualidade física, que é o percentual de semente quebrada e danificada, e fisiológica, que é o baixo vigor decorrente da colheita ou do transporte.
O kit é composto por jogo de duas peneiras, dois copos medidores calibrados para avaliar a porcentagem de ocorrência de dano mecânico, e um fundo coletor para as sementes partidas. Ainda, vem com um manual de instruções e uma bolsa de transporte.
O pesquisador Francisco Carlos Krzyzanowski, da Embrapa Soja, afirma que basta soltar um operador de máquina em uma moto, com um kit a tiracolo, para que regule as colheitadeiras. É preciso pegar uma amostra com um dos copos, colocar sobre o kit montado com duas peneiras e um fundo, e mexer até a queda das metades, conhecidas como "bandinhas". O material que chega até o último recipiente é colocado de volta ao copo. "Passou de 3% no copo, a taxa de dano mecânico já é alta e tem de regular a máquina, porque existe uma relação entre esses 3% e a qualidade fisiológica. E tanto a máquina de trilha tangencial quanto a axial causam dano mecânico se não estiverem bem reguladas", diz.
Ele conta que a Embrapa já comercializou mil unidades do kit e já encomendou mais mil. Foram cinco anos de pesquisa, que inclui a formatação do percentual de dano mecânico máximo, de 3%, para obter a qualidade fisiológica acima de 80% de germinação. "Com 80% de vigor no teste de tetrazólio já é uma semente de alta qualidade e pode ir para o mercado. No processo de beneficiamento, posso aprimorar a qualidade do lote por meio do sistema de peneiras e da mesa de gravidade, para ter um trabalho de sementes mais densas e mais bem formadas, para elevar esse índice", diz Krzyzanowski.
O pesquisador diz que é comum um produtor de sementes plantar uma área para colher 400 mil sacas de 40 kg, mas que a metade acaba descartada como grão. Com o kit, ele diz que as perdas são reduzidas e muito, o que beneficia o produtor de sementes e o comprador. "A procura por capacitação é alta, porque hoje o agricultor quer qualidade. Quer comprar a semente e ter certeza que vai dar uma planta de boa qualidade, porque o custo imobilizado de insumos que envolvem a semente é alto", completa. (F.G.)
Fonte: Folha de Londrina