A produção de sementes de espécies florestais com qualidade desempenha importantes funções sociais, econômicas e ambientais, mas ainda é um grande desafio no Brasil. Há uma procura cada vez maior de sementes por setores relacionados à restauração, reposição florestal e produção de madeira para atender às crescentes necessidades da sociedade.
Neste cenário florestal, os comitês são importantes ferramentas para ampliar a participação das pessoas e promover o debate sobre as inovações do setor produtivo de sementes florestais, os gargalos técnicos e legais e suas soluções.
Com o propósito de ampliar ações pertinentes à produção e tecnologia de sementes de várias espécies, a pesquisadora da Embrapa Semiárido, Bárbara França Dantas, assumiu a coordenação da nova diretoria do Comitê Técnico de Sementes Florestais, vinculado à Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES).
Nos próximos dois anos, o Comitê será conduzido por uma diretoria bastante democrática, de acordo com Bárbara, na qual todos terão voz ativa para apresentar ideias, sugestões e críticas, além das responsabilidades específicas de cada um.
Entre as principais metas de trabalho estão a realização de cursos de capacitação, ampliação da publicação de notas técnicas, aumento de participantes e nas discussões e no cadastro do Mapa de Sementes Brasileiro, fortalecimento da integração e comunicação com as redes comunitárias de produção de sementes, além de discussões para ampliação de laboratórios e normas, por meio do Fórum criado pelo Comitê em 2021 para debater a legislação nacional de sementes e mudas florestais nativas.
“Para atender a legislação, um dos pontos cruciais seria a ampliação de laboratórios, mas não temos essa estrutura. De cerca de 200 laboratórios de sementes credenciados no País, menos de 5 são credenciados para análises de sementes de espécies florestais”, informa Bárbara, acrescentando que no Brasil são mais de 8 mil espécies nativas para serem usadas na restauração. Dessas, apenas 500 já possuem instruções de análises definidas e 50 têm normas validadas.
“Já enviamos propostas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no sentido de discutir mudanças na legislação que é antiga e bastante rígida”, complementa a pesquisadora.
Capacitações
Com o intuito de fortalecer a cadeia de sementes florestais, a promoção de cursos de capacitação profissional está no topo das metas da nova diretoria. Estão sendo discutidos dois cursos de capacitação em Análise de Sementes Florestais e em Credenciamento de Laboratório para Análise de Sementes Florestais. “Essa é uma proposta discutida em reunião, provavelmente teremos ações presenciais e on-line”, complementa.
Além dessas capacitações, há também o curso on-line de Produção e Tecnologia de Sementes e Mudas, que é um curso contínuo na plataforma e-Campo da Embrapa (https://www.embrapa.br/e-campo) no estilo MOOC (massivo, on-line, aberto e autoinstrucional) e tem a participação da Embrapa, contando com mais de 30 mil inscritos atualmente. “Por meio dos cursos, sejam virtuais ou presenciais, todos poderão se atualizar e ampliar o conhecimento em tecnologia de sementes”, enfatiza a pesquisadora.
Sobre as publicações técnico-científicas, a nova diretoria vai buscar ampliar os espaços, em especial para divulgação do livro “Sementes Florestais Tropicais” (http://loja.abrates.org.br/sementes-florestais) e das Notas Técnicas . Estas visam divulgar informações sobre sementes de espécies florestais nativas dos diversos biomas brasileiros. Segundo Bárbara, na diretoria anterior foram publicadas na página de Notas Técnicas da Abrates, 15 notas técnicas. “Nós queremos pelo menos mais 15 notas nesta gestão, totalizando a divulgação de 30 espécies florestais, o que ainda é muito pouco, comparado à da nossa imensa biodiversidade”, sugere Bárbara.
Mapa de Semente
O Comitê Técnico de Sementes Florestais disponibiliza uma página na Internet (https://www.sementesflorestais.org/) com o Mapa de Sementes Nativas do Brasil, uma plataforma nacional para identificar e difundir as ações de coletores e produtores de sementes, laboratórios de análise de qualidade, grupos de pesquisa e projetos no Brasil. “Convidamos aqueles que trabalham com sementes nativas a se cadastrarem na plataforma, que tem por objetivo fortalecer a integração e comunicação entre os diferentes atores do setor para fomentar a transferência de conhecimentos e estruturação de sistemas produtivos", explica Bárbara.
Redes comunitárias
A pesquisadora destaca também o trabalho das redes brasileiras de coletas de sementes, as quais fornecem sementes para produtores e agricultores interessados em restauração e plantio florestal. “As redes atuam na formação de coletores, promoção de trocas e comercialização de sementes de espécies nativas, unindo agricultores familiares, produtores rurais, governos, organizações da sociedade civil e comunidades tradicionais ou indígenas”.
No início dos anos 2000 eram apenas oito redes, basicamente uma por Bioma. “Algumas evoluíram e muitas outras foram criadas nos últimos anos. “Já temos contato com muitas redes, mas queremos ampliar e juntar todo mundo para haver uma troca maior de experiências”, afirma Bárbara.
Diretoria do Comitê Técnico de Sementes Florestais - 2022 a 2024
Coordenação
Bárbara França Dantas (Coordenadora)
Geângelo Petene Calvi (Vice-coordenador)
Subcomitês
Políticas institucionais
Juliana Müller Freire
Eduardo Malta
Técnico-Científico
Lausanne Soraya de Almeida
Edson Ferreira Duarte
Capacitações e trocas de conhecimentos
Fátima Piña-Rodrigues
Manuel de Jesus Lima Junior
Divulgação e redes sociais
Gabriele Cristina Vieira Pinto