A tecnologia de produção de sementes de soja tem acompanhado a expansão territorial da cultura, mas há desafios a serem superados em relação aos patógenos. Ensaios padronizados por uma Rede de Tratamento de Sementes estão sendo realizados em diversas regiões
agrícolas do Brasil.
Os resultados serão apresentados durante XXII Congresso Brasileiro de Sementes
(CBSementes)e acontecerá entre 10 e 13 de setembro, em Foz do Iguaçu, a convite da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES), promotora do evento.
A Rede de Tratamento de Sementes envolve um total de dez instituições de pesquisa em todo o Brasil, incluindo a Embrapa Soja, que desempenha um papel fundamental nesse esforço colaborativo. Participam Instituições do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
do Sul e Mato Grosso.
De acordo com Carlos Mitinori Utiamada, gerente técnico da TAGRO, empresa de tecnologia agropecuária, que participa da rede, os ensaios abrangem 13 tratamentos fungicidas distintos, que incluem tanto produtos já consolidados no mercado quanto aqueles ainda em processo de registro, além da testemunha inoculada e testemunha sem inoculação, compondo 15 tratamentos em cada protocolo.
“Como muitas vezes não é possível obter sementes naturalmente infectadas pelos patógenos em níveis
adequados para avaliar com segurança a eficiência de um determinado fungicida, a equipe recorre à inoculação dos fungos nas sementes, introduzindo deliberadamente os patógenos desejados”
Os principais patógenos investigados são Fusarium spp., complexo Diaporthe/Phomopsis; também está na lista Cercospora spp, que causa a mancha púrpura da semente, bem como a Corynespora cassiicola, agente causal da mancha alvo, além de Colletotrichum truncatum que causa a doença antracnose.
“Esses cinco alvos são fungos de sementes, mas também estamos analisando a Rhizoctonia solani que é um fungo de solo. A idéia é ver o comportamento/eficácia do fungicida aplicado na semente na presença desse patógeno inoculado no solo”, explica Utiamada.
Carlos Utiamada lembra que o objetivo do trabalho é obter informações quanto ao tratamento de sementes de soja com fungicidas, visando o controle de diversos patógenos das sementes e do solo. “Além disso, essas informações podem auxiliar técnicos e produtores na tomada de decisão mais eficiente para a escolha adequada do fungicida para o tratamento das sementes”.
A análise estatística conjunta dos dados está prevista para ser concluída em maio, com a expectativa de que os resultados sejam divulgados posteriormente em uma circular técnica, fornecendo informações valiosas para o setor agrícola brasileiro. “Apresentar os resultados no CBSementes será excelente pela abrangência do evento”, enfatiza Utiamada.
A Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates) reconhece a importância e os avanços que o estudo trará para o setor. “Este estudo trará uma contribuição imprescindível ao produtor rural, às empresas e todos que trabalham com pesquisa no setor de sementes”, avalia o presidente da ABRATES, Fernando Henning, acrescentando que as instituições têm desempenhado um papel fundamental na condução de ensaios em diferentes localidades do Brasil, visando aprimorar a eficácia dos tratamentos fungicidas.