Agricultores e setor de pesquisa apontam vantagens no uso de sementes de qualidade
Mesmo no cenário econômico atual, o setor agropecuário brasileiro vem mantendo seu crescimento e reafirmando sua posição de referência mundial. Prova disso são os resultados da safra 2015/16 de soja. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, foram produzidas mais de 101 milhões de toneladas em 33 milhões de hectares.
Dentre as razões para o bom desempenho destacam-se a crescente presença das tecnologias no campo e o protagonismo que o País exerce no âmbito científico, especialmente no ramo de sementes. Estima-se que 70% desta produção venha de áreas tropicais, o que demanda a utilização de cultivares adaptadas às altas temperaturas. Para atender essa demanda os setores de pesquisa e as empresas trabalham para oferecer sementes específicas, de elevada germinação e vigor.
Vigor de sementes
Segundo a associação Oficial dos Analistas de Sementes dos Estados Unidos (AOSA), o termo “vigor de sementes” envolve “aquelas propriedades das sementes que determinam o seu potencial para uma emergência rápida e uniforme e o desenvolvimento de plântulas normais sob ampla diversidade de condições de ambiente”. A definição é ampla e contempla fatores importantíssimos: a emergência rápida e uniforme das plantas, seu desenvolvimento normal e o desempenho das sementes independente das condições ambientais.
Muitos produtores ainda não conhecem o conceito completamente e creem que basta obter a população ideal de plantas, recomendada para cada cultivar, para que o estabelecimento e a produtividade da lavoura estejam assegurados.
Um exemplo clássico é o agricultor que opta por sementes de vigor médio ou baixo e aumentando a densidade de semeadura, acredita que chegará ao estande ideal de plantas para aquela cultivar. Até certo ponto, isto pode ser verdadeiro, porém as plantas desta população não terão alto desempenho e, consequentemente, a lavoura não se desenvolverá em toda sua potencialidade.
Estudos comprovam
Diversas pesquisas realizadas no Brasil atestam as vantagens de sementes de alto vigor. Uma das primeiras, de 1983, contou, inclusive, com contribuições de membros da ABRATES, o ex-presidente e atual diretor financeiro, José de Barros França Neto, e o atual presidente, Francisco Krzyzanowski, além de outros pesquisadores. Foram avaliadas as três cultivares de soja mais plantadas há época no Estado do Paraná (Paraná, Davis e Bossier), com três níveis de vigor (alto, médio e baixo) e alta densidade de semeadura. Após a emergência, realizou-se um desbaste deixando a mesma população de plantas - que era a recomendada para as referidas cultivares na época - para todos os tratamentos (400 mil plantas/ha). Na colheita, as plantas originadas de sementes de alto vigor foram 12,8% mais altas do que as de baixo vigor e a produtividade foi superior em 24,3%.
Em 2005, Eliane Maria Kolchinski, Luis Osmar Braga Schuch e Silmar Teichert Peske realizaram um trabalho, em Pelotas (RS), utilizando sementes com um gradiente de cinco níveis de vigor: baixo, com 70% de emergência em canteiro e 75% de germinação, até vigor alto, com emergência de 95% e germinação de 94%. Tais níveis foram criados mediante a mescla de sementes de alto e baixo vigor nas seguintes proporções: 100% alto vigor; 75% alto e 25% baixo; 50% alto e 50% baixo; 25% alto e 75% baixo; e 100% de baixo vigor. Os autores verificaram que as plantas oriundas de sementes do mais alto vigor produziram 25% a mais de vagens por planta, resultando em parcelas experimentais com 35% a mais de rendimento de grãos em relação às oriundas de sementes de baixo vigor.
Para os agricultores, atenção e consciência - é preciso conhecer as opções disponíveis no mercado e as tecnologias inclusas para buscar escolher sempre visando a melhor produtividade e resultado na lavoura. Para os pesquisadores e estudiosos, o tema é sempre pertinente e os avanços são constantes, por isso a necessidade de buscar atualização frequente.